segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Teu verso




Nas nascentes cristalinas
Das águas mansas do Tejo
Seus versos encontram rimas
Que ensandecem desejos

Tão mesclados de magia
Que lembram com perfeição
Um beijo da nostalgia
Nas cordas de um violão

Lembra a lua que se banha
Toda tonta e vagabunda
Num riso que a face arranha
E numa dor que a inunda

Lembra o sol que se assanha
Nas flores dos buritis
Perseguindo numa sanha
Um casal de colibris

Seus versos fluem frementes
Num harpejo de sonata
Parecem estrelas cadentes
Banhando em lago de prata

Nas nascentes cristalinas
Das águas mansas do Tejo
O seu verso é pomba mansa
Dormindo feito criança,
No ninho dos meus desejos...!




quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Templo de fantasias



Eu sou mais que um versículo
Do teu efêmero tinteiro...
Na paixão do teu currículo
Sou, um evangelho inteiro

Tua fé é eu que fabrico
Com o meu mimo costumeiro
Se a tinta acaba eu indico
Beijos e abraços trigueiros

De cada mimo que indico
Mesmo que seja mirifico
Posso sentir todo cheiro

Catirando alvissareiro
No templo dos sonhos líricos
Do nosso amor verdadeiro!!























sábado, 15 de setembro de 2018

Memórias




Disseram-me uma vez e eu ouvi;
Que sou mulher de raça.
Não uma raça qualquer que se vê por aí.
Mas, uma raça raçuda mesmo.
Na hora eu ri bastante!
Depois eu senti martelando por dentro de mim e
pensei que eu bem poderia estar cheia de pregos...
Mas acho que eram mesmo, arestes.
Ou arestas...
O certo é que eu nunca vi o horto
Nem o porto. Pois eu não sou barco.
E nunca me embarco em nada do que ouço
Eu sou osso duro de roer.
Farpa que espeta a inspiração de quem me
olha atrás do verde que meus olhos pastam,
no sertão de mim.
No sertão dos sonhos que perdi, depois que o sol
transformou minha pele branca em escarpas pontiagudas.
Depois que a lua de meus olhos resolveu virar estrela cadente.
Depois que mastiguei as noites frias e quebrei meus dentes,
Caindo na banguela.
Que esparrela!! Como pode alguém acreditar que
Que eu tenho raça??
Eu tenho graça. A graça do animalzinho obediente
Que se deita no chão e o mundo deita o pé.
Um cãozinho vira lata.
Um corcel sem patas.
Pata sem asas,
Que só, nada.
Nada de nada.
Canção sem toada.
Toque enjoado
de um amanhecer insone
Sem nome
Sem fome
Sem homem!!
 


sábado, 8 de setembro de 2018

Uma lágrima na porteira




Voltando ao meu sertão onde eu cresci
Nas asas da saudade, escoltada
Beijei ajoelhada a longa estrada
Revendo o rastro meu gravado ali...

Os cantos dos alegres bem-te-vis
Vieram pra saudar minha chegada,
E a chuva espantou emocionada
Os grilos num gritante...cri-cri-cri

Na cerca eu fui chegando e logo vi
O adeus que na porteira eu escrevi
Com o barro que peguei no lajeado

Depois que tudo, tudo foi guardado
A poeira que sobrou ficou molhada
Na dor do desespero que senti!!


Cantilena de saudades

Em minha bela fazenda Com arvoredos dantescos Tem duas serras gigantescas Em sua fauna natural Se assemelhando a gêmeas De son...