Disseram-me uma vez e eu ouvi;
Que sou mulher de raça.
Não uma raça qualquer que se
vê por aí.
Mas, uma raça raçuda mesmo.
Na hora eu ri bastante!
Depois eu senti martelando
por dentro de mim e
pensei que eu bem poderia
estar cheia de pregos...
Mas acho que eram mesmo, arestes.
Ou arestas...
O certo é que eu nunca vi o
horto
Nem o porto. Pois eu não sou
barco.
E nunca me embarco em nada
do que ouço
Eu sou osso duro de roer.
Farpa que espeta a
inspiração de quem me
olha atrás do verde que meus
olhos pastam,
no sertão de mim.
No sertão dos sonhos que
perdi, depois que o sol
transformou minha pele
branca em escarpas pontiagudas.
Depois que a lua de meus
olhos resolveu virar estrela cadente.
Depois que mastiguei as
noites frias e quebrei meus dentes,
Caindo na banguela.
Que esparrela!! Como pode
alguém acreditar que
Que eu tenho raça??
Eu tenho graça. A graça do
animalzinho obediente
Que se deita no chão e o
mundo deita o pé.
Um cãozinho vira lata.
Um corcel sem patas.
Pata sem asas,
Que só, nada.
Nada de nada.
Canção sem toada.
Toque enjoado
de um amanhecer insone
Sem nome
Sem fome
Sem homem!!
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