Se um
dia eu deixar de ser essa incerteza
que
habita em mim, eu já não comportarei o
poeta
que apagou a vela incandescente das manhãs,
na
esperança de ser encontrado pela sua timidez sonhadora!
Eu já
não mastigarei as palavras ilusórias
e desconexas
que deram continuidade
a
minha essência do existir, antes mesmo, de apalpar
a
solidez dos caminhos forjados para os meus
passos,
num tempo em que amei até morrer
de
tédio pelo vazio que a solidão
deixou
dentro de minhas horas desambientadas
e esquecidas.
Se um
dia eu deixar de ser a procura de alguma coisa
não,
encontrada...
Eu
deixar de ser sorrisos derramados do rio da indiferença
com
que, me leem...
Eu
deixar de ser a euforia solitária de uma paixão sofrente...
Eu
deixar de ser o dedo consciência, que julga, que insulta, que
antecipa,
que fere, que assopra, que inventa e reinventa,
e
depois de tudo, amordaça, para não ouvir os gritos e soluços do silencio...
Se um
dia eu deixar de ser poesia, eu serei o nada cheio de tudo
Que
doe dentro de mim e não encontra boca para se exprimir... feito os boeiros
que
sempre conduz o lixo improprio, limpando o ar que vai ser inalado por alguém...
daí eu serei só poluição no planeta sonho!
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